Acredito no estado eterno de mudanças.

Gosto de ver as mudanças da vida. Ontem criança, hoje adulto, amanhã idoso. Este espaço é para provocar diálogos que possam ajudar a mudar o meu jeito de olhar. E quem sabe você também entra nessa? Seja bem vindo, comente, critique, o anonimato aqui é bem vindo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A mentira da MAD e os manés!

Esta semana saíu a seguinte matéria no blog da revista Mad: http://mad.blogtv.uol.com.br/2010/02/24/exclusivo-revelamos-sem-medo-de-repressao-a-capa-censurada-da-mad-23 Coloco o link por inteiro para que se possa ler: revelamos-sem-medo-de-repressão-a-capa-censurada-da-mad-23. O texto e as imagens já foram retirados do ar. Nesta capa aparecia uma caricatura de Lulavatar, com o rosto de Dilma num dragão montado pelo Mad e Lula numa máquina de fazer clone. A capa nem é engraçada, é bobinha apenas, como todo o conteúdo da revista. Segundo a editora a capa havia sido censurada pelo governo federal,inclusive era sugerido que o leitor imprimisse a capa censurada para colar na revista como forma de protesto. Agora a revista se justifica dizendo que apenas queria mostar como a mídia pode ser manipiladora, leia aqui.

Com este alarde pela justiça e anti-censura a editora logo encontrou paladinos da verdade para defendê-la dos arrombos censuradores do governo Lula, este filhote de Chaves, que quer impor censura a imprensa brasileira.

Danilo Gentili saiu em apoio a revista injustiçada e publicou o texto, "Ai é que está a graça" - se quiser ler clique aqui - onde ele mostra como os artistas e políticos norteamericanos aceitam as piadas e críticas ao seu trabalho, em contra-ponto aos brasileiros que se sentem ofendidos. E para ilustrar ele cita vários exemplos de personalidades que passaram saia justa com os humoristas, estes paladinos da verdade e da justiça.

Em seguida critica os comediantes brasileiros que fazem piadas sem graças e repetem bordões. O texto poderia até ser louvável se não fosse inocente e bobo. Primeiro as comparações são ridículas: será que o Danilo não sabe que vivemos durante 20 anos uma ditadura financiada pelos EUA e que vários meios de controle, inclusive dos programas de humor, foram aperfeiçoados aqui? Será que ele não sabe que nossas redes de televisão serviram para testes de modelos de massificação? Ou pelo menos conhece o nosso histórico de humor, inclusive do humor sem graça copiado dos estadunidenses? Como os stand-up que já fizeram sucesso aqui na década de 60 como produto importado dos EUA? Esse humor cópia do padrão estadunidense, que ele mesmo tenta fazer?

Parece que além de não saber nada disso, ele ainda embarca na canoa dos manipuladores que inventam uma censura que nunca aconteceu simplesmente para poder manipular a opinião pública contra o governo. Caiu na pegadinha do malandro!

A ingenuidade leva o sujeito a vestir a carapuça dos manipuladores que usaram a sua penetração midiática para vender uma mentira. Parabéns Danilo você demonstrou como somos tolos ao abraçarmos uma causa sem saber o que está por trás dela. Será engraçado ver os políticos manipulando as suas piadinhas e faturando votos com o seu despreparo.

Greve de ônibus, uma velha jogada

Publico aqui o texto da Revista NovaE, que pode ser encontrado também no link acima, é só clicar no título. Recebi este texto por e-mail do meu amigo Erik e três dias atrás o Daniel Poeira também comentou, no twitter, sobre as questões que motivam a greve dos ônibus em BH.

Pelego é um manta de pelo de carneiro usada entre a sela e o cavalo para não machucar o animal. Pelego tambem é o lider sindical manipulado pela classe patronal. Desde que existem sindicados começaram a surgir os pelegos, X9, dedo duro, que são eleitos com o apoio financeiro dos patrões e manipulam o sindicato de acordo com as intenções da classe patronal.

Defendo o direito a greve, melhores salários e condições de trabalho. E sei que as 10 famílias que controlam as 79 empresas licitadas para o transporte público de BH, podem diminuir os seus lucros e melhorar seus serviços. Do contrário, podemos batalhar pela privatização do transporte público, os argumentos seguem no texto.

José de Souza Castro

Os passageiros de ônibus de Belo Horizonte se surpreenderam na manhã desta segunda-feira, 22 de fevereiro, com a greve dos motoristas e trocadores dos ônibus urbanos. Mas, para os chamados operadores do transporte coletivo, nenhuma surpresa. Eles se preparavam para isso desde 17 de dezembro, quando o jornal Estado de Minas afirmou, em manchete, que “passagem de ônibus pode ficar sem reajuste em 2010”. Esse tipo de greve não é coisa nova, como veremos a seguir, e a velha estratégia é tão bem-sucedida que a capital mineira tem uma das tarifas mais altas do país.

Levantamento feito em setembro passado pelo jornal O Globo mostrou que, entre as 27 capitais, só Florianópolis e Campo Grande cobravam tarifas mais altas que Belo Horizonte. A mais baixa, de R$ 1,60, não é reajustada desde julho de 2004. É a de São Luiz. Os donos das 21 empresas concessionárias do transporte coletivo na capital do Maranhão precisam vir a Minas para aprender como se faz.

Mas talvez eles saibam, pois o lobby do setor nessa área é forte e bem conhecido. Tanto que, segundo o IBGE, na década de 1970, no período mais duro da ditadura militar, as famílias com rendimento familiar de 1 a 3 salários mínimos tinham 5,8% do seu orçamento comprometido com o transporte. No início da década de 80, esse gasto passou para 12,4% e na década de 1990 ultrapassou os 15%. Em 20 anos, o gasto foi praticamente triplicado. Só Deus sabe quanto aumentou a contribuição dos donos de ônibus para as campanhas eleitorais, nesse período.

Os reajustes das tarifas deveriam ser decididos de acordo com a evolução dos custos. Há dois fatores que contribuem mais pesadamente para a composição dos custos dos transportes urbanos, segundo estudo do Ministério das Cidades, datado de 2004. São os gastos com pessoal, que chegaram a 51% dessa composição em 1997 e caíram para 40% em 2003, e os gastos com combustíveis que evoluíram de 10% para 23% no mesmo período.

Desses dois, o mais fácil de ser manipulado é o primeiro – e aí entra a questão das greves que se repetem a cada ano, antes do reajuste das tarifas, para justificar os aumentos delas acima da inflação medida por quaisquer dos principais índices inflacionários do país.

É difícil de ser provado, mas certamente existe um pacto secreto entre as empresas que pagam os salários, as autoridades que se beneficiam das contribuições eleitorais e decidem o valor do reajuste, e o sindicato dos trabalhadores em transporte público. Sem essas greves, ficaria difícil, para os dois primeiros, justificar os reajustes abusivos que reivindicam e concedem.

Não é difícil acender o pavio da greve. Como agora, é só o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra) oferecer um reajuste salarial de 4,36% e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH) informar aos associados que reivindicou 37% de aumento, acendendo-lhes as esperanças – e o pavio. Ao pedir um reajuste tão alto, o sindicato prepara o terreno para a greve do próximo ano, alimentada pela eterna frustração dos trabalhadores. E para fingir que não tem nada com isso, o Setra se apressa a informar à imprensa, nas primeiras horas da greve, que 62 ônibus foram depredados desde a meia-noite desta segunda-feira em toda a cidade. (Nada que não possa ser reparado por um bom reajuste nas tarifas e por um seguro bem feito.)

E quanto mais a greve tumultuar a vida da população, melhor. Assim, todos ficam sabendo quais são os culpados por seus infortúnios, na tentativa de conseguir um transporte na cidade. E os culpados nunca são as autoridades. Sem essas greves rotineiras, como justificar que entre julho de 1994 e abril de 2003 a tarifa média em Belo Horizonte tenha subido 314,3%, contra 196,3% em São Paulo e 196,3% em Brasília? Entre as 27 capitais, somente nove tiveram um aumento maior: Boa Vista, Salvador, Rio de Janeiro, Vitória, Campo Grande, Cuiabá, Teresina, Porto Velho e Rio Branco.

De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, divulgado em setembro de 2007, as tarifas de ônibus urbano lideraram o aumento de preço do transporte público no país entre janeiro de 2001 e agosto de 2007, com alta de 110,61%. A pesquisa da FGV considera os preços das tarifas de sete cidades do país (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Recife) onde o IPC é apurado.

No fim de 2008, a tarifa na capital mineira foi reajustada em 9,52% em média; em 2007, em 4,7%;e em 2006 em 12,17%. Desse modo, a tarifa média (que estava em R$ 0,35 em julho de 1994) custa, desde o fim de 2008, R$ R$ 2,30, um aumento de 557%, contra alta de 236% do IPCA calculado pelo IBGE. Esse índice mede o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos moradoras nas principais regiões metropolitanas, e é considerado o índice oficial de inflação.

São coisas que a imprensa, em geral, acha pouco interessante para divulgar e analisar. Talvez os editores pensem assim porque é coisa velha que afeta principalmente as pessoas mais pobres. Eles querem novidades ou, então, assuntos gratos àqueles leitores, ouvintes e telespectadores mais privilegiados pelo sistema político e econômico vigente.

Dito isso, é preciso esclarecer um ponto: todos os dados citados acima são reais e podem ser verificados no Google, com exceção da parte que fala de um possível pacto secreto. Essa é uma hipótese fictícia, numa tentativa do autor de encontrar uma explicação para o que se passa com o transporte urbano na cidade. Ele mesmo não acredita que os sindicatos e a autoridades pudessem se organizar em torno de um pacto desses, com todas suas implicações e despistes. Ou seja, é mais uma "teoria conspiratória", mas ela tem um propósito: criar polêmica, para que se discuta realmente a questão do transporte de massa em Belo Horizonte.

Há muitos anos se fala na ampliação do metrô, que é um dos mais atrasados, em implantação e alcance, entre as grandes capitais brasileiras. O site Metrobh afirma, omitindo a data - mas sei que foi há muitos anos - que a CBTU contratou o Plano Diretor de Transporte sobre Trilhos para a Região Metropolitana. "Foi escolhido um cenário que prevê a inserção do Metrô no hipercentro de Belo Horizonte, através de uma linha na diretriz Pampulha/Savassi, cruzando a área central sob a Av. Afonso Pena e a expansão da Linha 2 Calafate-Barreiro em direção à região hospitalar, permitindo a integração com a Linha 1 Eldorado/Vilarinho", informa o site. Em 15 de maio de 2008, o governador Aécio Neves anunciou que até o fim daquele ano seria lançada licitação para levar o Metrô a regiões nobres de Belo Horizonte e à Cidade Administrativa, sendo que 38% dos investimentos previstos em R$ 4 bilhões seriam feitos pela iniciativa privada. O assunto voltou à imprensa em junho do ano passado, como parte das obras para a Copa do Mundo de 2014, agora com um Metrô menor, mas com uma proposta de Transporte Rápido por Ônibus (eles correriam sobre canaletas, como se fossem "um metrô sobre rodas").

São projetos que só sairão do papel se o forte lobby dos donos de ônibus for vencido.

02.2010