Esta pergunta tem resposta simples para a maioria das pessoas. Basta pegar o valor que recebe no final do mês, dividir pelas horas trabalhadas e terão a resposta. Para alguns profissionais a resposta já está na ponta da língua e são contratados por horas, ou por consultas, com valores definidos e claros.
Um grupo de profissionais sofre com esta pergunta. Sem sindicato forte, sem representatividade ou histórico de mobilização, algumas classes são reféns destes valores. Aliado a estas questões está à subjetividade de alguns trabalhos, que podem demorar horas ou minutos para serem feitos. Os profissionais que trabalham com fotografia, tratamento de imagem, edição, criação de textos, produção de moda, maquiagem e várias outras atividades, sofrem com esta pergunta: quanto vale o seu trabalho?
Sem um sindicato, sem uma união entre os profissionais e sem uma tabela de custos, os preços variam ao léu e muitas vezes de acordo com o relacionamento entre contratante e contratado. Sem regras e sem medidas certas os dois lados ficam sem ter como avaliar o custo. E ai a coisa começa a ficar perversa. O contratante tem argumentos fortes para diminuir o valor do trabalho alheio: outro pode fazer por menos, o mercado está apertado, faz um desconto hoje e amanhã te contrato de novo, somos amigos, se me fizer um preço camarada te indico para outros serviços. A enxurrada de argumentos para justificar um preço baixo daria para encher uma página.
Os profissionais se vêm em um beco sem saída: ou fazem um trabalho pelo custo menor e esperam outros resultados, ou ficam sem trabalhar. Ficar sem trabalhar é muito complicado e a maioria acaba aceitando qualquer valor. Ou até valor algum. Quando o contratante é uma grande empresa ou um profissional já reconhecido, ele tem um argumento mais forte ainda: olha, seu nome vai aparecer junto ao nosso – do sujeito ou da empresa – isso vai lhe abrir muitas portas e lhe render muitos trabalhos. Com este argumento o contratante pede o trabalho de graça. Às vezes nem é para o sujeito, mas para a empresa que ele trabalha. Assim, temos em BH revistas, jornais, agências de publicidade, entre outros, que não remuneram alguns profissionais que contratam temporariamente. E o pior, gente que trabalha de graça e acha que está no lucro.
A questão é tão ampla que abrange pessoalidades, às vezes questões de auto-estima. Preciso mostrar o meu trabalho! Preciso ser visto! Preciso ser reconhecido! E assim, no desespero ou na falta de outra saída, o sujeito trabalha de graça. E aquele trabalho que viria depois que o nome dele aparecesse junto com o grande nome ou a grande empresa, nunca acontece. Ou pior, nem o nome dele aparece, esqueceram.
Neste ponto acho que muitos já se reconheceram, já lembraram de algumas vezes que trabalharam por pouco, ou por um pagamento imaginário que nunca ocorreu. Então, meu amigo, é hora de acordar. Vamos fazer um acordo de ética e dignidade com nós mesmos, com a nossa profissão e com o mercado que fazemos parte! Da próxima vez que aquela revista ou aquela agência de publicidade lhe pedir uma foto, um texto, ou uma maquiagem de graça, seja gentil e explique: olha, de graça não posso. É contra a minha dignidade e desrespeita a profissão que abracei com carinho.
Vamos trocar mais idéias sobre o assunto? Repasse este texto, comente com os amigos e use os comentários aqui – pode ser anônimo – acredito que abrir esta discussão é saudável para todos nós, profissionais autônomos, não sindicalizados e que atendemos as demandas de comunicação e imagem de grande parte da sociedade. O processo é lento, mas é durante que as coisas se descobrem.