Lembro de uma passagem, auto sabotagem explícita, fruto da bebedeira e de uma época de baixo estima. Estava na pista de dança e comecei a flertar com uma mulher linda, de estética totalmente condizente com os padrões contemporâneos. Alta, loira, cabelo preso em rabo de cavalo, olhos claros, maquiagem equilibrada, sorriso lindo! Começamos o flert, percebi que era recíproco. Era a hora de descobrir o que falar. Uma frase e pronto, o som da pista não permitia muita coisa. Ela olhou de novo e sorriu, a química estava funcionando! Era a “deixa”, tinha que “chegar chegando”. Desviei o olhar em uma atitude pseudo-blase, para dar uma valorizada. Tudo perfeito, só falta a frase...
Quando volto meu olhar, seu rosto está a poucos centímetros do meu e ela sussurra em meu ouvido.
_Acho que estamos pensando a mesma coisa.
E sem titubear, com a segurança e a certeza que todo homem precisa ter diante de um monumento daqueles eu soltei:
_Uai, não sei, não sou adivinho!
Sem me responder ela virou as costas e se jogou na pista... não houve como reverter a situação, não adiantava correr atrás, fazer gracejos, pagar cerveja, nada iria remediar aquela resposta estúpida.
Que diabos deu na cabeça daquela gostosa para vir me abordar? Porra!! Este era o meu papel! Eu tinha que ir até lá e falar algo interessante, fazê-la rir numa expressão meio dúbia. Depois mais uma frase, um sorriso mais aberto, neste momento pegaria na mão dela, em seguida era o abraço fatal e o beijo! Pronto! Assim como todo mundo sabe, é uma regra social. Mas não, a mulher tinha que ser uma dessas modernas, descoladas, cheias de atitude, do jeito que eu gosto e no dia não dei conta.
Putz grila, com a emancipação feminina, nós homens, precisamos nos emancipar também. Precisamos nos livrar destes padrões de comportamento ultrapassados e entender que elas também podem e chegam junto. Elas têm desejos e podem estar afim apenas de um sexo casual, assim como nós machos dominantes saímos a caça, elas também o fazem. Precisamos recriar a arte do flert, reinventar os relacionamentos, criar novos paradigmas sexuais e aceitar a igualdade até na hora da conquista. Elas seduzem, conquistam e metem o pé na bunda, do mesmo modo que os machões do passado faziam.
E não me venha com aquele discurso hipócrita que não namora com mulher que transa na primeira noite. Se acredita nisso vai encontrar uma mais malandra do que você, comilão, e ela vai fazer de difícil. Na primeira vez que ficarem, nem bolinar os peitos vai poder. Na segunda talvez role um sarro no carro. E depois do namoro certo, ai sim, pode rolar o sexo. E você machão, vai ter a certeza que está ficando com uma pudica, que reprime os desejos em prol dos bons costumes. Se lascou, ela prefere sexo anal, para preservar a xoxota. Ela já comeu mais gente do que você, conhece mais prazeres e é muito bem resolvida. Inclusive, a tal ponto de conseguir reverter aquele probleminha de ejaculação precoce que você não conta nem pro Doutor.
Com participação especial de Ana Magalhães.
2 comentários:
Bacana Fidelis, abordou um tema onde os homens atualmente não estam sabendo gerenciar muito bem, e que na verdade precisa é de uma abertura dos homens para os novos padrões de comportamento feminino.
Abraços Juliano.
Nossa...fiquei confusa agora!
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