Enquanto os últimos focos do incêndio no senado são apagados surge uma nova queimação na câmara dos deputados. Querem ressuscitar a CPMF, imposto de 0,038 sobre transações bancárias, que angaria fundos para a saúde. Para amenizar arrumaram um outro nome e os governistas levantaram a bandeira: é para a saúde do povo brasileiro. E eles têm uma ótima justificativa; os recursos são para todos, principalmente os mais pobres e apenas cinco milhões de brasileiros pagarão este imposto.
Fico encantado com a cara de pau, a falta de vergonha e a facilidade com que subestimam a minha inteligência. O governo quando fazia o papel de oposição lutou bravamente para derrubar a CPMF, afirmando que não era preciso mais dinheiro e sim mais rigor no controle dos gastos e seriedade nos investimentos. Em 2007, a oposição, que já foi governo e já defendeu a CPMF, conseguiu derrubar o imposto e agora luta para impedir a sua volta.
O primeiro engodo é afirmar que apenas cinco milhões de brasileiros pagarão o imposto. Obviamente estes são das classes mais abonadas e repassarão este novo gasto para os produtos que consumimos, dividindo o novo imposto com todos os outros brasileiros. O segundo engodo é a cara de pau do governo em afirmar que não existe dinheiro para a saúde. Do montante arrecadado atualmente o governo federal dedica menos de 10% para a saúde. Os governos estaduais são obrigados a destinar no mínimo 12% e os municipais, 15%.
Pois é, este papo rolou semana passada na câmara dos deputados. Agora surgiu o pré-sal, a estatal de pré-sal, a briga entre os estados, municípios e federação pelos dividendos. Deputados, governadores, prefeitos e o presidente se digladiam para ver quem vai ficar com o bolo. O dinheiro federal será investido na saúde e na educação, disse Lula. Espero que isso acalme a bancada federal que quer a volta da CPMF.
Uma análise simples e objetiva. Ano que vem tem eleições e os partidos precisam de mais dinheiro para as suas campanhas. Precisam comprar ambulâncias e fazer barulho para que a população perceba as melhorias na saúde. Deputados, senadores e governadores precisam mostrar que fizeram alguma coisa nos últimos quatro anos. Ano que vem tem eleições e precisamos votar com inteligência, com atenção. É fundamental que escolhamos candidatos que não fazem parte deste jogo de espolio e que não reelejamos ninguém.
2 comentários:
Eu tenho vergonha de dizer, mas resolvi me tornar parcialmente ''cego'' pra política. Não todos os tipos de política, me refiro a esta que rege a nossa nação. Que cá entre nós, se tornou sinônimo de insulto - precedida por uma força de expressão tão forte, que a sociedade não sabe mais filtrar o conceito da palavra.
Eu me alieno mesmo! Por não tolerar algumas hipocresias, acabo por admitir. Em outros casos costumo me sair bem apenas alegando ser apolítico - assim também, tenho uma boa colocação entre todos. Um joguete perigoso e mal educado - lembrando muito os taís de Brasília. Porém, a minha diferença pra eles é obvia e clara - eu não roubo nada. Rs.
Gosto de como suas palavras flertam entre sí, gosto do enlace indignado também - adoro quando usam desespero como tempero literário, não que seja seu caso, mas você tem este truque em mãos. Você é esperto, volto a dizer - você sabe o que escreve e conhece a qualidade que apresenta.
Me tornei divulgador do seu blog, mas não como um fã retardado, rs.
É isso, basicamente. E obrigado por retribuir o comentário.
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