Este final de semana teve parada disney em Belo Horizonte. Mickey, pato donald e sua turma mobilizaram a prefeitura para realizar várias intervenções na orla e dar passagem a grandes carros alegóricos. Além de eleitoreira, a festa era propaganda da Nestlé, que anda matando orangotango para fazer chocolate. Mas deixa quieto, são detalhes demais. Se eu começar analisar todos chegaremos à inoperância da Fundação Municipal de Cultura, nos desmandes do prefeito pateta e nos devaneios de um governador que pensa ser rei.
A parada me fez pensar na minha infância. Nunca gostei dos personagens disney. A voz do pato donald é insuportável. O Mickey sempre me pareceu idiota demais e o tio patinhas é o cara mais babaca que eu conheço. Que tio é esse que tem milhões e deixa os sobrinhos sem nada? Acho que foi este exemplo que me fez odiar literalmente toda a turma. Fui criado em uma casa onde a solidariedade e o cuidado com o próximo eram cultuados em alto grau. Referências de humanismo e solidariedade me fizeram odiar disney.
Minha mãe comprava revistinhas, e eu pedia: Mãe troca esta, prefiro da Turma da Mônica. A baixinha dentuça, invocada e muito violenta me era mais aprazível que os sovinas e individualistas estadunidense. O Cebolinha era um bobão, mas ele tinha amigos. E o mais engraçado disso tudo é que ninguém fez a minha cabeça ou me direcionou neste sentido. Demorei a perceber que as sutilezas da minha educação me levaram para fantasias no Sítio do Pica-pau Amarelo, com a Turma da Mônica e do Menino Maluquinho. Quem não leu o Poço do Visconde, não pode fantasiar com o pré-sal antes dele existir. Monteiro Lobato além de fantástico já gritava: o petróleo é nosso! E eu sonhava com um poço no quintal de casa.
Acho que isso provocou em mim um certo anti-americanismo na adolescência. Hoje já superei e admiro a cultura norte-americana em várias questões. Inclusive na sua capacidade de se alastrar pelo mundo e massacrar a cultura de outros países. A dominação econômica é garantida pela dominação cultural.
Hoje posso me orgulhar de ter uma atitude coerente e continuo preferindo manifestação na prefeitura a parada disney, Monteiro Lobato a disney e consciência política e cultural ao invés de alienação num mundo fantástico e torpe.
Frito melões, abacaxis, pepinos e salgadinhos em geral. Chapa quente, caldeirão fervendo e pratos finos sobre a mesa.
Acredito no estado eterno de mudanças.
Gosto de ver as mudanças da vida. Ontem criança, hoje adulto, amanhã idoso. Este espaço é para provocar diálogos que possam ajudar a mudar o meu jeito de olhar. E quem sabe você também entra nessa? Seja bem vindo, comente, critique, o anonimato aqui é bem vindo.
terça-feira, 30 de março de 2010
Parada pateta
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quarta-feira, 10 de março de 2010
Manifeste-se
Quando entrei na faculdade de publicidade e propaganda da PUC em 1997 um fato chamou a minha atenção. Vários colegas nunca haviam ido a pé à Praça Sete, marco central de BH. Alguns afirmavam que sabiam onde era, já haviam passado de carro, mas nunca precisavam ir lá. E alguns me perguntaram por que eu estranhava aquilo, na savassi, onde a maioria circulava era possível encontrar tudo.
Treze anos depois vejo que esta questão se alastra. Cada um no seu gueto e o espaço público fica livre para pedestres e só. Em condomínios fechados, nos shoppings, em bairros de alta classe com tudo o que precisam jovens crescem sem ter o contato com a cidade, com outras classes sociais, com o diferente. E com o aval da violência tudo fica justificado. Usar o transporte público é perigoso, andar pelo centro é perigoso, circular pela cidade é perigoso, viver longe do gueto é perigoso.
Estes jovens nunca participaram de uma manifestação pública, nunca foram às ruas lutar por passe livre, meia entrada, melhores escolas, cotas, decretos municipais, etc. Talvez nunca saberão o que é participar de uma manifestação popular, o que é fazer política. Negociar, mobilizar, articular, são verbos que eles não sabem conjugar. E isso não é da conta deles, política é coisa de corrupto e melhor não envolver.
Se a carapuça serviu, mas na luta pelas diretas você nem era nascido e no Impeachment do Collor você era muito novo, ainda resta uma chance. Tem um pessoal aqui em BH engajado em um movimento que se chama: Praça Livre. E lutam contra um decreto do prefeito que proíbe a realização de evento de qualquer natureza na Praça da Estação. Isso a princípio, porque desde o último sábado este movimento ganhou outras caras, muitas outras e naturalmente vai ampliar seu leque de ações.
Este ano a prefeitura reduziu drasticamente as verbas para a cultura, não teremos FIT! E se você quiser saber um pouco mais sobre os desmandos do Sr. Márcio Lacerda, leia o DOM. Se quiser conhecer mais sobre o movimento Praça Livre, tem este blog. Se tiver medo, fique em casa, curta seu bairro, vá ao shopping, ao clube, mas depois não reclame do vazio na sua vida, na sua praça. Vai ficar chato você chegar ao analista e apresentar uma vida boba, sem interação social e sem ação, onde as preocupações estão relacionadas a sua capacidade de consumo, ao seu peso, roupa, modelo de carro, ou de namorada que está usando no momento.
Treze anos depois vejo que esta questão se alastra. Cada um no seu gueto e o espaço público fica livre para pedestres e só. Em condomínios fechados, nos shoppings, em bairros de alta classe com tudo o que precisam jovens crescem sem ter o contato com a cidade, com outras classes sociais, com o diferente. E com o aval da violência tudo fica justificado. Usar o transporte público é perigoso, andar pelo centro é perigoso, circular pela cidade é perigoso, viver longe do gueto é perigoso.
Estes jovens nunca participaram de uma manifestação pública, nunca foram às ruas lutar por passe livre, meia entrada, melhores escolas, cotas, decretos municipais, etc. Talvez nunca saberão o que é participar de uma manifestação popular, o que é fazer política. Negociar, mobilizar, articular, são verbos que eles não sabem conjugar. E isso não é da conta deles, política é coisa de corrupto e melhor não envolver.
Se a carapuça serviu, mas na luta pelas diretas você nem era nascido e no Impeachment do Collor você era muito novo, ainda resta uma chance. Tem um pessoal aqui em BH engajado em um movimento que se chama: Praça Livre. E lutam contra um decreto do prefeito que proíbe a realização de evento de qualquer natureza na Praça da Estação. Isso a princípio, porque desde o último sábado este movimento ganhou outras caras, muitas outras e naturalmente vai ampliar seu leque de ações.
Este ano a prefeitura reduziu drasticamente as verbas para a cultura, não teremos FIT! E se você quiser saber um pouco mais sobre os desmandos do Sr. Márcio Lacerda, leia o DOM. Se quiser conhecer mais sobre o movimento Praça Livre, tem este blog. Se tiver medo, fique em casa, curta seu bairro, vá ao shopping, ao clube, mas depois não reclame do vazio na sua vida, na sua praça. Vai ficar chato você chegar ao analista e apresentar uma vida boba, sem interação social e sem ação, onde as preocupações estão relacionadas a sua capacidade de consumo, ao seu peso, roupa, modelo de carro, ou de namorada que está usando no momento.
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