Acredito no estado eterno de mudanças.

Gosto de ver as mudanças da vida. Ontem criança, hoje adulto, amanhã idoso. Este espaço é para provocar diálogos que possam ajudar a mudar o meu jeito de olhar. E quem sabe você também entra nessa? Seja bem vindo, comente, critique, o anonimato aqui é bem vindo.

terça-feira, 30 de março de 2010

Parada pateta

Este final de semana teve parada disney em Belo Horizonte. Mickey, pato donald e sua turma mobilizaram a prefeitura para realizar várias intervenções na orla e dar passagem a grandes carros alegóricos. Além de eleitoreira, a festa era propaganda da Nestlé, que anda matando orangotango para fazer chocolate. Mas deixa quieto, são detalhes demais. Se eu começar analisar todos chegaremos à inoperância da Fundação Municipal de Cultura, nos desmandes do prefeito pateta e nos devaneios de um governador que pensa ser rei.
A parada me fez pensar na minha infância. Nunca gostei dos personagens disney. A voz do pato donald é insuportável. O Mickey sempre me pareceu idiota demais e o tio patinhas é o cara mais babaca que eu conheço. Que tio é esse que tem milhões e deixa os sobrinhos sem nada? Acho que foi este exemplo que me fez odiar literalmente toda a turma. Fui criado em uma casa onde a solidariedade e o cuidado com o próximo eram cultuados em alto grau. Referências de humanismo e solidariedade me fizeram odiar disney.
Minha mãe comprava revistinhas, e eu pedia: Mãe troca esta, prefiro da Turma da Mônica. A baixinha dentuça, invocada e muito violenta me era mais aprazível que os sovinas e individualistas estadunidense. O Cebolinha era um bobão, mas ele tinha amigos. E o mais engraçado disso tudo é que ninguém fez a minha cabeça ou me direcionou neste sentido. Demorei a perceber que as sutilezas da minha educação me levaram para fantasias no Sítio do Pica-pau Amarelo, com a Turma da Mônica e do Menino Maluquinho. Quem não leu o Poço do Visconde, não pode fantasiar com o pré-sal antes dele existir. Monteiro Lobato além de fantástico já gritava: o petróleo é nosso! E eu sonhava com um poço no quintal de casa.
Acho que isso provocou em mim um certo anti-americanismo na adolescência. Hoje já superei e admiro a cultura norte-americana em várias questões. Inclusive na sua capacidade de se alastrar pelo mundo e massacrar a cultura de outros países. A dominação econômica é garantida pela dominação cultural.
Hoje posso me orgulhar de ter uma atitude coerente e continuo preferindo manifestação na prefeitura a parada disney, Monteiro Lobato a disney e consciência política e cultural ao invés de alienação num mundo fantástico e torpe.

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